Para começar as postagens sobre o mundo canino, resolvi transcrever essa notícia que saiu no site da BBC há alguns dias atrás (19/11/12). Achei muito interessante, pode ser um alento tanto para proprietários de cães, de outros animais em geral, ou até mesmo para os seres humanos que possuem lesões medulares.
Denis C. de Oliveira
Cientistas da Universidade de Cambridge conseguiram reverter a
paralisia em cachorros após injetar células retiradas do focinho dos
animais.
De acordo com os pesquisadores, as descobertas mostram, pela
primeira vez, que transplantando este tipo de células em uma medula
muito lesionada pode trazer melhoras significativas e abre novas
possibilidades.
"Acreditamos que a técnica pode vir a ser usada para recuperar parte
dos movimentos em pacientes humanos com lesões na medula vertebral, mas
há um longo caminho a percorrer até podermos afirmar que eles serão
capazes de recuperar todos os movimentos perdidos", diz o biólogo, Robin
Franklin que participou da pesquisa.
O estudo foi financiado pelo Conselho Médico de Pesquisa (MRC, na
sigla em inglês) da Grã-Bretanha e publicado no jornal científico Brain.
A pesquisa é a primeira a testar transplantes em animais com lesões
sofridas na vida real, ao invés de usar cobaias de laboratório.
Em uma parceria do Centro de Medicina Regenerativa do MRC e a Escola
de Veterinária de Cambridge, os cientistas retiraram amostras de células
olfativas do focinho dos cães e as cultivaram em laboratório durante
várias semanas.
Os 34 cachorros que participaram da pesquisa haviam sofrido lesões na
coluna que os impediam de usar as patas traseiras. Em 23 dos cães foram
injetadas células olfativas na coluna e nos outros 11 foi usada uma
solução aquosa neutra, sem nenhum efeito, para ser usado como termo de
comparação.
Enquanto muitos dos cachorros que receberam o transplante de células
apresentaram melhoras significativas e voltaram a andar, nenhum dos
caninos do grupo de controle apresentou movimento nas patas traseiras.
Entre os cães com história de sucesso, está Jasper, um basset daschund/teckel, de dez
anos de idade.
Porque o nariz?
Após chegar a idade adulta, o nariz é a única parte do corpo em que
terminações nervosas continuam a crescer. As células foram retiradas da
parte posterior da fossa nasal. São células especiais que rodeiam os
neurônios receptores que nos permitem sentir cheiros e convergir estes
sinais para o cérebro.
Os cientistas dizem que as células transplantadas regeneraram fibras
na região lesionada da medula. Isto possibilitou que cachorros voltassem
a usar as suas patas traseiras e coordenar o movimento com as patas da
frente. Em humanos, o procedimento poderia ser usado em combinação com
outras drogas para promover a regeneração da fibra nervosa e substituir
tecidos lesionados.
Geoffrey Raisman, o especialista em regeneração neurológica da
University College London, descobriu em 1985 este tipo de célula
olfativa, que foi usada na pesquisa de agora. Ele avalia que este foi o
maior avanço dos últimos anos na área, mas diz que não é a cura para
lesões de medula. "O procedimento permitiu que um cachorro lesionado
voltasse a usar suas pernas traseiras, mas as diversas outras funções
perdidas em uma lesão de medula, como uso da mão, controle da bexiga e
regulação de temperatura, por exemplo, são mais complicados e ainda
estão muito distantes".
Na pesquisa, as novas conexões não ocorreram em longas distâncias,
necessárias para conectar o cérebro a medula. Os pesquisadores do MRC
disseram que em humanos isto seria vital para pacientes com lesões na
medula, que perderam funções sexuais e o controle da bexiga e do
intestino.
Por enquanto, o procedimento fez a alegria de May Hay, a dona do cão
Jasper: "Antes do tratamento, nós usávamos um carrinho de rodas porque
as suas patas traseiras eram inúteis, mas agora ele corre pela casa e no
jardim e acompanha os outros cachorro, é maravilhoso!"
E aqui o vídeo do cãozinho andando quase normalmente:
Fonte: BBC Brasil